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Nêga fugiu, Sinhô!

Nêga fugiu, sinhô!
Consigo levou trezentos e uns tantos negros fugidos
Do cacaueiro e da cana
Às margens do Itapocu liderou a insurgência
E resistiu com veemência espalhando-se sua fama.
 
Não adiantou fazer reclamação ao Império
Nem mandar feitor pro mato pra deter sua façanha
Com espírito guerreiro, maior que o próprio Palmares
Ergueram o Mola os milhares negros de Felipa Aranha!
 
Pirisá é quem segue a dança erguendo mais um nascido
Sua saia longa e rodada e seu olhar sempre altivo
Finca mais um povoado aflorando o imaginário
Da feiticeira valente que em mata cametaense
Faz ecoar o seu riso e em movimento preciso
Cria o Bambaê do Rosário.
 
Juvita, Leonor, Virgínia, Francisca e Maximiana
Em Confederação quilombola, nos relatos oficiais,
abrem a profunda fenda e desvendam suas histórias
fazem-se em mito e lenda e de seus remanescentes
brotam novas insurgentes para honrar suas memórias.
 
É do passado o perfume que do Cunvidado exala
E dessas negras guerreiras, líderes curandeiras
Conta invenções e feituras na terra dos maparás
Mas no carnaval das águas, nas rezas, nos carimbós
E nas rodas de andiroba já se falam outros nomes
Que seguem silenciando homens nas margens do Mutuacá.


(Poema publicado na coletânea Trama das Águas. Monomito Editorial, 2021)
Gaby Faval
Enviado por Gaby Faval em 13/04/2021
Alterado em 29/04/2021
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