Longa metragem
Esquecemos de decorar o texto de nossas vidas e as frases se perderam no silêncio do palco.
A porta se fechou na escuridão,
os holofotes se apagaram sem direção.
Um último ato de amor:
a cena que não ficou perfeita e que não poderemos regravar.
Na tela de nossas lembranças ficaram as imagens esquecidas,
de lágrimas e risos que se esvairam sem aplausos.
Uma frase feita,
um beijo sem técnica,
um vilão que ninguém viu...
uma chance de recomeçar o que não acabou,
de filmar novamente a última cena
de mudar enrredo e final.
Retocaremos a maquiagem e trocaremos as fantasias,
tentaremos ser o que não conseguimos até então:
vamos tentar ter atuações perfeitas.
Mas nada é perfeito
e nossa maquiagem se borrou nas lágrimas do adeus,
nosso figurino se desbotou com a longa espera...
erramos a cena mais uma vez
e o filme perdeu a exibição sem bilheteria ou cartaz.
(Parauapebas/PA, 02/02/95, 8h10)