Tormento
Sigo calada e teu olhar me segue
E em meu silêncio se planta a noite escura
Um lumiar de estrelas me persegue
E um sepulcral vazio me tortura
Na insanidade o sonho se fez vã poeira
E em minha dor a alma cavalgou em desnorte
Rodopiando absorta em vendavais de areia
Girando no escuro pra enganar a morte
Em meu desejo planto em mim uma saudade
E o vão que me recobre faz-se amarga aurora
Queria que não fosse, enfim, triste verdade
Que o que me cega o peito e o sono apavora
É o que afasta de mim a doce insanidade
E me mantenho viva enquanto me devora.
(1993 - Parauapebas/PA)