Louca paixão que me consome os dias
louca insanidade que me traz sossego
um desejo louco de viver, apenas
em meio a toda minha afasia

Um dia que chega e não é o mesmo dia
é um dia a menos de meus planos tortos
é um instante a mais de minha apatia
do tédio que sufoca meus poemas mortos

Cada olhar que vejo são meus próprios olhos
contando as histórias que nunca vivi
cada solidão traduz minha alma
brinca com meus medos, que nunca senti

Indo e vindo pela vida afora
retorno sempre ao ponto de partida
percorrendo passos que desfiz outrora
e transpondo as chances desta louca vida

Ah! Essas estradas que me levam longe
que me trazem e perdem em beijos insanos
e esse par de braços que guardam e aguardam
estes despropósitos de meu ser profano

Nada exemplifica meu instante lúcido
nada preenche meus dias de angústia
nada se perde em mim novamente
nada traduz meu amor inconstante

Apenas me acalma esta voz que ecoa
dizendo mil coisas sem dizer-me nada
apenas me guardo e aguardo silente
que ela, em fim, exploda vã e desesperada.

Cametá-PA, 2016
G.C.F.