Não posso dar-te o tom
da música que criei
que canta em notas perdidas
a história em forma de luz.

Me perco na madrugada,
nas silenciosas paredes da casa escura,
no eco de teu chamado em gotas de chuva
neste espaço vazio do som de tua voz.

Tua canção não toma forma,
porque tudo o que quer meu querer
é um querer tudo a se perder
e sem sentido se fazer sentir.

Toma forma de amor, de magia,
ganha voz entre esta nostalgia
e a arte eterna de amar-te
de canção passa a ser poesia.

E este eco que insiste em perder-se
faz seu tom entre cantor e poeta
de uma nota perfeita, frase dileta
da partitura de uma entrega total.

Já não importa o que segue-se ao dia,
se será uma canção ou uma poesia,
dirá sempre este mesmo capricho secreto:
um "te amo" sem tinta, papel ou final.

G.C.F
Belém - 30.08.04